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NOTÍCIAS  |  Beechcraft no Brasil, agora é TAM Aviação Executiva

Sob novo comando, TAM AE planeja ampliar serviços

A TAM Aviação Executiva (TAM AE), controlada pela família Amaro, acionista da Latam, trocou o presidente e assinou um novo acordo comercial para reforçar o projeto de crescer 10% ao ano, mesmo na recessão, e atingir a meta de faturar R$ 250 milhões anuais em 2019.

A novidade no comando é a nomeação de Leonardo Fiuza, ex­diretor de vendas e há 11 anos na companhia, para o cargo ocupado há seis anos por Fernando Pinho. "Foi uma transição tranquila e planejada", disse Fiuza ao Valor, em sua primeira entrevista na nova posição.

Pinho deixa a presidência depois de comandar um processo de transição na companhia, que é uma das três maiores no mercado brasileiro de venda e manutenção de jatos executivos e helicópteros. A operação tornou­se o maior negócio da família Amaro depois que a TAM Linhas Aéreas, da aviação comercial, uniu­se à chilena LAN, criando a holding Latam.

Fiuza disse que a tarefa dada a ele por Mauricio Amaro é aumentar o leque de serviços da companhia, criando novos negócios. A meta é elevar o faturamento, que fechou 2015 em cerca de R$ 170 milhões, para R$ 250 milhões em 2019. Isso significa capturar uma taxa nominal de 10% ao ano nos próximos três exercícios.

Segundo Fiuza, a TAM AE pode crescer 10% em 2016. Mas com margens menores que as apuradas em 2014 e 2015. "A demanda está mais seletiva e conservadora. Precisamos negociar mais", admite. Sobre 2015, o executivo disse que o balanço ainda está sendo fechado, mas que, "se houve lucro, foi um resultado pequeno". "E 2016 tende a ser parecido com 2015", observou.

Atualmente, a intermediação na vendas de aviões executivos representam 25% do faturamento da TAM AE. Uma outra fatia, de 40%, é originada pela manutenção de aeronaves de terceiros. Os 35% restantes são gerados por outros negócios, como serviços aeroportuários (estrutura em solo para atender aeronaves em abastecimento, plano de voo, hangaragem, limpeza), de fretamento e gerenciamento de aviões de terceiros. "Aumentamos os esforços de vendas, mas mantemos plano de elevar participação de receitas geradas por serviços", disse Fiuza.

Há 15 anos, a manutenção respondia por menos de 10% da receita da TAM AE, e as vendas de aeronaves representavam mais de 80%. O plano é elevar essa área a 50% do faturamento até 2019. O novo presidente da TAM AE está negociando parcerias com empresas estrangeiras que atuam em segmentos como o de serviços aeroportuários. "O plano é aumentar a geração de receita a partir da nossa estrutura", disse.


De concreto, tem uma nova representação para vendas, com a americana Beechcraft. O acordo de exclusividade para comercialização no Brasil de modelos como o King Air, o Baron e o Bonanza amplia o relacionamento da TAM AE com o grupo Textron, maior fabricante de aeronaves para aviação geral do mundo, também dona das marcas Cessna e Hawker.

Com a Beechcraft, a TAM AE passa a representar 21 modelos de aviões e 8 de helicópteros ­ sendo que Cessna, Beechcraft e Bell Helicopter ­ têm 36% dos cerca de 14,7 mil modelos de aeronaves executivas em operação no Brasil.

"Os modelos da Beechcraft são complementares aos da Cessna", aponta o presidente da TAM AE. Segundo ele, enquanto os jatos da Cessna, dos modelos Citation, têm preços entre US$ 3,5 milhões e US$ 26 milhões, a Beechcraft vende turboélices de US$ 800 mil a US$ 7 milhões. "Esperamos um incremento de 25% nas vendas com as aeronaves da Beechcraft até dezembro, sobretudo, no setor de agronegócios", disse Fiuza.

Esse contrato com a Beechcraft também servirá para a TAM AE atrair novos clientes para seus centros de manutenção. A companhia foi nomeada Centro de Serviços autorizado Beechcraft King Air no Brasil. Fiuza disse que há um universo de aproximadamente 500 aviões do modelo King Air voando no Brasil que podem virar clientes. "Para atender essa demanda extra que já estávamos investindo em infraestrutura", disse.

A TAM AE investiu mais de US$ 25 milhões nos últimos três anos. Desses aportes, cerca de US$ 15 milhões foram para o novo centro de manutenção em Aracati (CE), a cerca de 100 quilômetros de Fortaleza, inaugurado em setembro.

O centro da TAM AE no Ceará recebeu na semana passada sinal verde da Anac para fazer manutenção de modelos Cessna e helicópteros. "Para modelos Beechcraft esperamos ter as homologações ao longo deste ano", disse Fiuza.


No segmento de manutenção, o aumento de receita previsto pela TAM AE com o acordo com a Beechcraft deve chegar a 30% dentro de dois a três anos. "A recessão atrapalha porque nosso setor tem uma relação direta com a economia. Mas o país continua fazendo negócios, e há resiliência da demanda em alguns segmentos, como o do agronegócio e farmacêutico", disse Fiuza.

Reportagem: Valor Econômico 18/02/2016